DA SÉRIE: "COMO NÃO FAZER?"
- Alexsander Fernandes

- 14 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Trago mais uma prática que observei em algumas áreas de empresas. Claro que aqui foco muito na parte gerencial intermediária, entre o primeiro gerente (logo acima do grupo operacional) até o responsável logo abaixo da primeira linha diretora e decisória (normalmente diretores). Mas eventualmente explanarei posições individuais de profissionais icônicos nas duas esferas. Claro que não apresentarei nomes, posições ou empresas, principalmente por respeito aos mesmos. Embora eu não esteja de acordo, não tenho o direito de julgamento aberto e exposição destes profissionais ao público.
Tem uma frase que há muito tempo ouvi de um amigo e que era a expressão mais precisa da competição no mundo corporativo. E uso até hoje. Trabalhávamos juntos. E jogávamos futebol juntos, pela empresa. Dono de uma habilidade excepcional em campo, tinha algumas “tiradas” que, depois de um tempo trabalhando juntos, passamos a misturar com o dialeto corporativo, formando um vocabulário que só mesmo "nosso" grupo entendia. E uma das frases que se encaixava perfeitamente no "nosso" mundo corporativo, retratava perfeitamente as atitudes de alguns “chefes”. Não líderes. Chefes. Alguns profissionais que estão ali na margem de uma promoção ou de um cargo com mais responsabilidades. Desculpem-me o termo chulo, mas sem ele não tem como expressar a força do comentário. Tentarei ser “leve” na simbologia ortográfica: “Quem tem medo de c@g@®️ não come!” Tem pessoas que se eximem de responsabilidade. Por vários motivos: Não querer mais trabalho por comodismo; Ter receio de assumir responsabilidade por poder ser taxado de incompetente; Ter medo do novo; Ter medo do que o novo, dando certo, pode lhe trazer de responsabilidade; Dentre outros motivos.
Um exemplo verídico: Fui convidado para compor o quadro de profissionais de certa empresa, na expansão de uma área piloto que um gerente havia criado para a regional dele. O início das atividades tinha se mostrado eficaz, e ele então, buscou ampliar os serviços para toda a companhia, e não só na planta que gerenciava. Para isso, buscou montar uma equipe mais robusta, onde entramos, e começou a ser desenvolvido o trabalho para toda a empresa. Basicamente era o seguinte: Inicialmente, cada regional era responsável pelas atividades relacionadas à manutenção e desenvolvimento de empreendimentos que buscassem aumento da produtividade nesta regional. Só que a empresa, como era atuante em vários estados e cidades, e tinha sua produção vinculada de uma unidade a outra, onde dependia dos resultados de várias unidades, postas em cidades diversas.
A logística de execução dos serviços de suporte à produção, sendo geridos por cada unidade, gerava descompasso, custo mais elevado, ineficiência, falta de padrão, etc. Com a centralização destes serviços de suporte, começou a ter uma eficiência considerável nas atividades de compras, padrões, aproveitamento de materiais oriundos de outras localidades, melhor distribuição do plano estratégico de crescimento (o que garantia que recursos fossem gastos nos momentos certos, sem criar elefantes brancos à espera da conclusão de tarefas de outras regionais). Então...... quem idealizou tal processo se desligou da empresa. Quem veio depois assumiu e buscou manter o mesmo sistema, até melhorando. Mas sabem como é... pessoas. Eis que surgem pessoas que precisam atribuir culpa de má gestão a outras. Como a área não era o negócio principal da empresa, não enxergavam como estratégico, apenas como um “mal necessário”. E boicotaram o setor e imputaram algumas falhas gerenciais, até que a gerência fosse desligada e então colocado novo gestor, que promoveria uma mudança de foco, eximindo-se da responsabilidade por projetos mais complexos, até chegar ao ponto da gerência ter as demandas significativas absorvidas pela gerência originalmente criada para os trabalhos que desenvolvíamos mas, como relatei acima, era pulverizado. Em resumo, voltou ao que era. Cada regional voltou a fazer do seu jeito. Voltando agora à chamada, “quem tem medo de c@g@®️ não come.”, podemos observar que uma pessoa que recebe o crédito para manter uma gerência estratégica e, por medo ou interesses fora do objetivo da gerência, incapacidade gerencial, etc, deixa esta gerência inteira à deriva, fatalmente perde o posto, ao contrário do que imaginara ao se eximir das responsabilidades e riscos.
Mas aí já é tarde para a empresa. Quando a empresa percebe o erro, o concerto pode demandar mais custos... e aí novamente entram “pessoas”... e em um frequente estado de crise (É assim que as empresas sempre vivem), quem vai colocar a cara para dizer: “é, gastamos dinheiro atoa, perdemos bons profissionais. E agora precisamos gastar mais para concertar a c@g@d@.” ????
Então, se quer crescer, se quer contribuir para o crescimento da empresa, seu crescimento pessoal ou de quem você quer bem, não tenha medo. Enfrente. Não estou dizendo que deve jogar o pára-quedas para fora do avião e pular atrás dele............ isso é loucura. Enfrente com controle dos riscos. Assumir riscos e responsabilidades faz parte do amadurecimento profissional e pessoal. E não é vergonha pedir ajuda. Vergonha é deixar de aprender por ter "medo de realmente aprender".




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